terça-feira, 4 de outubro de 2011

ATIVIDADE 3.1


ENTREVISTA DE PEDRO DEMO
É comum em reuniões nas escolas nós professores comentarmos: “temos que estar abertos ao diálogo.  Mas o que realmente isso significa? Para estarmos abertos ao diálogo basta não proibir que os alunos perguntem ou pronunciem sua opiniões? E, se for isso, estar “abertos” ao diálogo é suficiente para desenvolver uma prática dialógica? Percebo que a expressão: “estar aberto ao diálogo”, dá um sentido de passividade, ou seja, se o aluno falar, tudo bem, caso contrário, continuo com minha aula, com meu conteúdo. Por isso, nota-se que não basta dar abertura, é necessário conduzir os alunos a questionarem e opinarem. E, além disso, o diálogo requer um processo sucessivo de boas perguntas e boas respostas, pois não podemos confundi-lo com uma mera “prosa” que se faz com “o vizinho da sala de aula ao lado”. O diálogo deve ser analítico, sistemático e prazeroso.
O sistema educacional falsamente aberto à uma prática dialógica conduz o aluno à passividade do pensamento. Este sistema que tem por base um professor que passa aos alunos as perguntas do livro; e um aluno que tenta respondê-las com respostas copiadas dos próprios livros, desencadeia uma acomodação do raciocínio da criança. Por que isso acontece? Porque a curiosidade do aluno não está sendo aguçada, ele não é ajudado a expressá-la através da elaboração de perguntas. Assim, ele acaba contentando-se com as perguntas que os adultos fazem e com as respostas que os adultos dão.
A pergunta revela nossa curiosidade, uma “curiosidade que não cessa de não obter resposta. A curiosidade é insaciável, é uma imensa fonte que dá vida à nossa intelectualidade. Mas esta fonte precisa ser cultivada, caso contrário, o aluno, quando perde a curiosidade sobre o mundo, contenta-se com o saber espontâneo construído nos cotidianos em que realizou suas primeiras experiências. O desafio é: Como o professor pode ajudar o aluno a conquistar sua libertação intelectual? Ou melhor, se acreditamos que o diálogo é o caminho para isso, quais as características de um professor capaz de conduzir uma aula dialógica? Lembrar-se que o professor representa o saber, mas não é o saber, se faz extremamente necessário quando se pensa em conduzir uma aula dialógica. Caso contrário, o professor mata o desejo de aprender, dialogar e investigar do aluno.
Portanto, o professor não deve utilizar-se de seu fajuto “saber único”, mas deve ser portador de um desejo de aprender junto, e mais, ele deve permitir que este desejo circule. A entrevista enuncia que “... O professor enquanto ser desejante do saber, ao supor ter tal objeto de saber mobiliza no aluno seu desejo. Então, o professor deve ser o primeiro estimulado a dialogar. No entanto, este desejo de saber só é possível em razão da dúvida. A dúvida que permite o desejo, ou seja, permite a curiosidade. Podemos, então, elevar a dúvida como primeira tarefa. A dúvida é princípio, é origem. Ela interage no ser e o move, empurrando para além do que já conhecemos. A dúvida permite conhecer o desconhecido ou pelo menos fazer tentativas de respostas. A dúvida permite o diálogo. Seria oportuno, neste momento, a pergunta: há  extremas dificuldades em fazer com que os alunos questionem? Cremos que não! Primeiro porque não precisamos transformá-los em questionadores, pois é de sua natureza a curiosidade. Assim, em segundo lugar, basta permitir e incentivar a criança a perguntar. Portanto, criar condições para que as crianças partilhem suas dúvidas não é tão difícil, se o professor tiver um desejo de saber que possa ser transferido ao aluno.  Além disso, agrega-se a valorização da pergunta do aluno, pois o professor deve ter a pergunta como a  preciosidade    da  aprendizagem.


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